Ginecomastia e Adolescência

Publicado em: 04/08/2017 | Última Atualização em 17/10/2024

Não é tão raro encontrar meninos adolescentes com vergonha de si mesmos e vergonha de tirar a camisa em público. A explicação é simples: esses meninos podem ter seios com volume e aspecto feminino.

Em algumas fases da vida, uma parcela da população masculina registra um aumento nas mamas, conhecido como ginecomastia. Embora também seja verificado em recém-nascidos e em idosos, o problema é mais comum na adolescência: há dados estatísticos que apontam que 65% dos casos são registrados entre 14 e 15 anos de idade. A ginecomastia acomete de 30% a 40% dos adolescentes, mas o lado bom é que há regressão espontânea na maioria dos casos.

Por que ocorre?

Durante a adolescência, a produção hormonal aumenta, como característica natural da puberdade. Pode acontecer, entretanto, que o aumento na ação do estrogênio (hormônio relacionado a características femininas) tenha início antes mesmo da ação da testosterona (hormônio relacionado a características masculinas), provocando aumento nas glândulas mamárias.

Anabolizantes

Embora a hereditariedade seja crucial, outros fatores também podem influenciar o desenvolvimento do quadro, como obesidade, uso de determinados medicamentos, uso de drogas e abuso de álcool. Como na adolescência surge um desejo natural de ganho de massa muscular por parte dos meninos, a utilização de esteroides anabolizantes pode ocorrer. Esse tipo de substância também pode desequilibrar os níveis hormonais, convertendo a testosterona em androgênio, podendo ter a ginecomastia como consequência.

Bullying e problemas psicológicos

Preocupações com a aparência e a forma física surgem naturalmente durante a adolescência, fase de maior vulnerabilidade, tanto em meninos quanto em meninas. Lidar com tantas mudanças físicas e psicológicas pode ser um desafio nessa idade em que os aspectos infantis passam a dar lugar a características adultas. O corpo masculino torna-se cada vez mais diferenciado do feminino durante adolescência, e ter mamas grandes é algo muito desagradável para qualquer menino dessa faixa etária.

O bullying, que é um conjunto de provocações decorrentes de características específicas de um indivíduo, pode levar à perda de autoestima e vergonha. O receio em tirar a camisa pode conduzir o adolescente com ginecomastia ao isolamento social. Esse isolamento pode gerar quadros de alterações de humor, ansiedade, depressão e baixo rendimento escolar.

Tratamento

Os casos de ginecomastia na adolescência tendem a regredir de forma espontânea, na medida em que a produção de testosterona se regulariza. Quando o quadro não regride, é necessário procurar acompanhamento médico. Pode ser receitado um medicamento para solucionar a condição, especialmente se houver dor. Se mesmo assim o problema não regredir, ou se o paciente estiver psicologicamente abalado com sua condição, recomenda-se a cirurgia de ginecomastia. O procedimento é simples e consiste na retirada do tecido mamário, com mínima cicatriz. A cirurgia pode ser acompanhada por lipoaspiração, que é a remoção da gordura do local. O tipo de incisão realizado depende do grau evolutivo do quadro. A recuperação tende a ser rápida, com alta hospitalar geralmente no mesmo dia de realização da cirurgia. Ao retomar o tamanho normal das mamas, o indivíduo tende a se recuperar psicologicamente e retomar sua rotina normalmente.

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